O novo papel da Educação Especial
A nova política nacional para a Educação Especial é taxativa: todas as
crianças e jovens com necessidades especiais devem estudar na escola
regular. Desaparecem, portanto, as escolas e classes segregadas. O
atendimento especializado continua existindo apenas no turno oposto. É o
que define o Decreto 6.571, de setembro de 2008. O prazo para que todos
os municípios se ajustem às novas regras vai até o fim de 2010.
O texto não acaba com as instituições especializadas no ensino dos que
têm deficiência. Em lugar de substituir, elas passam a auxiliar a escola
regular, firmando parcerias para oferecer atendimento especializado no
contraturno.
Na prática, muda radicalmente a função do docente
dessa área. Antes especialista em uma deficiência, ele agora precisa
ter uma formação mais ampla. "Ele deve elaborar um plano educacional
especializado para cada estudante, com o objetivo de diminuir as
barreiras específicas de todos eles", diz Maria Teresa Eglér Mantoan,
professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) e uma das pioneiras nos estudos sobre inclusão no Brasil.
Ensinar os conteúdos das disciplinas passa a ser tarefa do ensino
regular, e o profissional da Educação Especial fica na sala de recursos
para dar apoio com estratégias e recursos que facilitem a aprendizagem. É
ele quem se certifica, ainda, de que os recursos que preparou estão
sendo usados corretamente. "Ele informa a escola sobre os materiais a
serem adquiridos e busca parcerias externas para concretizar seu
trabalho", afirma Maria Teresa.
A
princípio, esse educador não precisa saber tudo sobre todas as
deficiências. Vai se atualizar e aprender conforme o caso. Ele pode
atuar na sala comum de longe, observando se o material está sendo
corretamente usado, ou estender os recursos para toda a turma, ensinando
a língua brasileira de sinais (Libras), por exemplo. Quem souber se
adaptar não correrá o risco de perder espaço. "O profissional maleável é
bem-vindo", garante Maria Teresa.
O momento atual é de
construção. De fato, a inclusão na sala de aula está sendo aprendida no
dia a dia, com a experiência de cada professor. "Mas não existe formação
dissociada da prática. Estamos aprendendo ao fazer", avalia Cláudia
Pereira Dutra, secretária de Educação Especial do Ministério da Educação
(MEC).
http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-especiais/026.shtml